15/04/11

Aqui vou eu!


Quando cheguei, com um sorriso colado no rosto e mãos enfiadas nos bolsos, antevia apenas parte do que senti. O pensamento em nada se igualou às emoções. Nem mesmo estas palavras com que irei esculpir esta minha experiência se igualam à imponência de tamanho borbulhar que senti neste meu vermelho pulsar que de verde inundou o meu corpo e a minha mente.

Subimos até ao “teu” lugar. As montanhas rodeavam-nos, o verde que se desprendia das árvores ecoava à nossa volta. Ao longe, vales serpenteavam a paisagem e em harmonia beijavam-se num gesto de paz, amor e felicidade. Algures abaixo dessas montanhas silenciosas flutuava todo o maior algodão doce que eu alguma vez vi. Eram as nuvens. “Vamos mergulhar para dentro delas?”, pensei. Ingenuamente e secretamente pensei em tudo o que lá dentro poderia encontrar.

Enquanto meditei, ainda que por breves minutos, o vento tornou-se meu aliado. Nem o frio senti se apoderar de mim… Qual frio?! Inspira, expira. “Observa a tua respiração. Observa a tua mente, sê um espectador de ti próprio.” Concentração. Algumas posturas seguiram-se. Eu e a natureza juntos naquele momento e em movimento. Foi no relaxamento que senti o pulsar da terra. O silêncio que, por vezes, pode ser ensurdecedor ali é agradavelmente familiar e apaziguador. O silêncio ligou-me a tudo o que ali senti.

Naquela pedra foi onde tudo se intensificou. Da esquerda para direita vi aquele palco ganhar sentido aos meus olhos. Eu e a natureza, por momentos nada mais existiu. Tudo interligado, eu e aquele palco divino, partes integrantes de uma harmonia que não se prende a padrões, nem a regras. Dentro de mim emergiu um profundo sentimento de felicidade. Abracei o que ali vi com o meu coração e deixei essa energia tocar a minha essência. Os olhos inundaram-se de pequenas lágrimas, não de tristeza mas por sentir todo esse fervilhar de vida dentro de mim. Afinal, precisamos de tão pouco para ser felizes e os pássaros, seres livres, completaram essa tão bela e silenciosa sinfonia de perfeição que ao meu redor levemente se instalou.

Levemente desci a encosta. Desci mais completa do que quando subi. Desci segura e com um sorriso nos olhos que ninguém poderá arrancar. As mãos soltas a acariciar os pequenos arbustos que vingam ao longo das serras. As mãos quentes e o coração também. E esta ânsia de viver e de conhecer-me que não pára de crescer. Apaixonada pela vida estou.


6 comentários:

  1. Que lindo texto, consegui imaginar a paisagem!! Magnífico local para meditar!!

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  2. Consegui imaginar-me por momentos nesse local. Deve ser tão bom. :)

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  3. Adorei simplesmente!! ;)

    Uma grande beijoca

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  4. Muito bom... acho que por diversas vezes também já tive tal fervilhar de emoções. Parece incrível, mas a verdadeira felicidade, aquela de pequenas significâncias, está ali tão perto...

    Beijos!

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  5. Ai, ai que isto não anda!...
    Bjitos e bom fds! *
    a) flordocardo

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