Hoje Mário Zambujal dizia que os livros são (como as) pessoas: têm corpo e alma. O corpo é palpável na sua capa, na sua contracapa, nas suas folhas. A alma está dentro protegida pelo corpo, verdadeiro invólucro. Protegida pela pele, músculos e ossos que protegem a essência. A essência, a alma é transmitida por hábeis mãos, sentidos pensamentos, realidades (im)pessoais que o escritor deixa fluir para um corpo, para umas folhas que uma vez abertas pelo leitor desvendam todo o sentido do ser- aquele livro, que não é um mero objecto mas, sim, uma pessoa. E, em boa verdade, diga-se que o inverso também é certo. As pessoas são como livros.
Eu, como livro que sou, gosto dos meus parágrafos, dos meus ponto e vírgula, das minhas pausas, das minhas reticências e dos meus pontos finais. E, não, não é um ponto final que vos venho dar a conhecer hoje mas um ponto e vírgula. Venho iniciar um novo capítulo, contudo a velha alma por aqui andará não tão bem disfarçada como um fantasma, nem tão pouco camuflada de nova onda. Será mais do mesmo mas com uma brisa refrescante a pairar entre palavras e temas.
Neste livro disfarçado de caderno de apontamentos em que se tornou este blogue venho, mais uma vez, fazer a, devida e ansiada, respiração boca-a-boca (já fiz soar as sirenes da minha equipa de emergência, ou seja, eu). Quero ressuscitar esta pessoa em que se tornou o meu blogue que até agora se encontrava ligado a máquinas de cuidados intensivos. Ainda estava vivo por ter outros blogues que o alimentam de esperança renovada todos os dias.
Entre a magia do átrio do
Teatro Municipal Baltazar Dias e entre a envolvente
Festa do Livro do Funchal reergueu-se aquele soldado literário que em mim sempre esteve, umas vezes mais adormecido do que outras. É com ele que agora regresso e com aquela brisa que sobre mim teima em pairar.
Tenho vindo a cruzar-me com muitos autores, tenho escutado as suas palavras tal qual uma discípula impaciente, tenho sentido o frenesim de mais um dia, mais um autor, mais uma conversa, mais um amor ou desamor literário coleccionados... É com essa alma provinda dessa Festa que aqui regresso com a certeza de que trago um corpo novo a este blogue e uma alma igual mas revigorada.
Vamos lá reingressar ;