25/01/10

Desfragmentação

Salvador Dali Galatea of the Spheres


Sempre que a morte vem, viver depois dela nos tirar alguém não é fácil. É (in)suportável.
Por uns tempos imaginamos não existir em nós mesmos. Flutuar apenas numa história que não é a nossa.
Depois encontramos a força para levantar o corpo e a alma de um poço com fim. Aí choramos, gritamos, esperneámos... Tudo na mesma. O nosso interior é que começa a sarar. Lentamente dentro nós um raio de sol espreita por entre as sombras.
Contudo para trás ficam sempre odores, marcas, impressões digitais de quem foi. São essas lembranças que ficam presas no tempo. Presas porque enquanto vivemos deixamos fragmentos nossos por onde quer que passemos.
Esses fragmentos vivem eternamente num pedaço de terra por nós tocado, numa flôr por nós regada, numa mão por nós levantada... Por isso no pesar do adeus só isso me conforta. Morrer é deixar viver de uma forma diferente.

Estes pensamentos/ sentimentos meus surgem não de uma dor directa mas de uma dor que a outros agora aflige. É também o que sinto, estava também em mim preso .

5 comentários:

  1. Nem gosto de pensar nessas coisas... O mundo é tao cruel... :S
    Beijinho amiga*

    ResponderEliminar
  2. Sim. :(
    Eu sempre tive "medo" da dor de perder alguém.

    E 2009 foi logo 3. Mau ano, mau ano.

    Beijinho *

    ResponderEliminar
  3. É a coisa mais certa que se tem, mas nem é bom pensar!!
    Aproveitar a vida enquanto se pode!!

    ResponderEliminar
  4. Texto lindo... Gosto muito de te ler...

    ResponderEliminar
  5. A morte assusta tanto... quase arrepios agudos... credo. é melhor nao pensar mais nisso!

    PS- salvador dali é demais!!!! adoro-o!!!!

    ResponderEliminar