O MEC é que sabe!

(MEC = Miguel Esteves Cardoso )

«Gosto muito de velhos. Os velhos são o nosso futuro. (...) Irrita-me quando dizem que uma pessoa está «senil» só porque não corresponde ao que se espera dela. Quando eu for velho também quero ser senil. Hei-de chamar nomes horríveis, repetidamente aos funcionários, políticos e outros empregados empertigados que não me caírem no goto, no ouvido. Alto. Naquele cana-rachada irritante: «Ó seu grande monte de cocó de galinha, porque é que não trata as pessoas como deve ser?»

em As Minhas Aventuras na República Portuguesa

Que é feito deste homem? As suas crónicas tão inteligentemente compiladas no livro que acima citei são todas elas retratos e opiniões genuínas daquilo que é a sociedade portuguesa... Acreditem. Cada crónica é mesmo uma aventura.

A primeira vez que li estava na universidade, há dois anos atrás. Foi uma proposta de leitura da docente de Oficina de Texto. Proposta?! Foi mesmo uma imposição. Ou lês ou chumbas.

Bem, mas adiante... Li todo, todinho. Qual resumo, qual quê? Nem há resumos para este livro, o próprio livro já é um grande resumo do que é ser português. Imaginem resumir, ainda mais isto. Nós, portugueses, ficávamos reduzidos a pó!

Li e volta e meia volto a reler. Hoje foi a vez de reler a crónica: «A Aventura da Velhice». Acima transcrevi uma parte da crónica que me deu um novo alento nas maravilhas do que é se ser velho. Vou poder chatear todos os que sempre me irritaram e vou sair impune. Porque quem é "senil" merece ser perdoado e não ser contrariado senão perde as estribeiras e é um "Ai Jesus!"!

Porque, de verdade, "ser velho é a mesma coisa que ser Super-homem. Ninguém nos toca." E porque não há herói que não tenha um inimigo, não há velhice sem contratempos mas estes ficam para depois. Conto-vos daqui a uns largos anos. Por enquanto importa o que é bom (já que todos para lá caminhamos mais vale pensar no que é positivo). O mau deixo para quando lá chegar.