A galinha

Mas quem é que criou aquele mito de que "a galinha do vizinho é sempre melhor que a nossa" ?

Desculpe "pessoa que criou esse provérbio/ mito", mas a maior parte de nós que vive na cidade nem tem galinhas em casa, quanto mais a vizinhança! Alguns vontade não lhes falta, falta espaço.

Acaso a galinha é assim um bem tão inacessível, precioso e maravilhoso que nos faça desejar tê-la em casa?

No supermercado temos frangos aos montes a se acumularem nas prateleiras com um ar amarelinho e... morto. Decapitados e depenados (graças a Deus ou ao homem do talho).

Pois. Haverá quem contraponha e diga: "- Não senhora, os frangos não são galinhas!"

Mas andam lá perto (digo eu). Os frangos até são bem melhores. Mais tenrinhos e menos barulhentos porque normalmente aparecem douradinhos no nosso prato e já divididos em porções.

Pois. A voz da razão contrapõe e diz: "-As galinhas dão ovos e os frangos não!"

E daí? Acaso isso faz-me querer ter uma ou um bando de galinhas em casa? Não. Para isso vou ao supermercado e lá os ovos até já estão lavadinhos e tudo.

O que não me sai da cabeça é o facto de se ir logo cobiçar a galinha, ainda por cima do vizinho! Se ainda fosse a casa, o carro, a viagem do Verão passado, enfim coisas dignas de se querer... agora uma galinha?

É melhor ter um cão a uma galinha, um hamster a uma galinha, uma doninha a uma galinha. Pelo menos, não vou olhar para eles e ter vontade de os comer. Imaginemos a seguinte situação: no Natal à falta de peru lá tínhamos que sacrificar a galinha e isso provocaria muita dor e arrependimento (apenas até à hora do jantar porque depois esses sentimentos davam aso à gula e esquecia-se tudo num instante!).

Não me levem a mal os tratadores e defensores de galinhas mas por favor deixem-nas no campo sossegaditas. Porque para galinhas já me bastam algumas das minhas vizinhas!