22/05/10

Silêncio, que vamos embarcar num sonho.

O Maestro solta a batuta com astúcia e distinção.

A orquestra estica os dedos nervosos e quase sucumbe ao rápido pulsar do coração.

O público atento aguarda o primeiro planar do som.

Ansiosos os violinos estalam. Tímida avança a flauta que depressa se desprende com fervor da sua timidez anunciada.

Eis que entram os violoncelos que destronam todos os outros.

O Maestro tenta sentir os olhares do público mas em si já só o tormenta as notas perfeitas que ecoam à sua volta. Tomado de assalto pelo momento as suas mãos tornam-se a sua respiração. Os olhos emoção. Os ouvidos codificadores de palavras. O seu corpo um transmissor de poesia. E tinha certeza de que se Deus existisse era assim que ele se manifestaria.

Magia que ressoa em toda a sala. Laivos de profunda satisfação ecoam.

Dedos entrelaçados. Olhos a brilhar. Suspiros incertos. No meio da escuridão alguém sonha.

Os violinos quebram intermitentemente a composição.

E enquanto o Maestro tenta não sorrir para não perder a concentração, alguém na sala sorria enquanto alguém chorava.

E foi assim, que naquele momento sublime, se fez poesia.

6 comentários:

  1. Apenas uma palavrinha: fantástico!!

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  2. Magnífico, é lindíssimo...
    Eu que não sou dada a este tipo de música, adorei.

    Mil pétalas...

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  3. Sim senhora... Muito bom!
    Beijinhos*

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  4. Incessantemente poderoso, ritmado o texto e apetrechadas notas musicais, de uma loucura, de um rock.

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  5. É algo completamente fora do usual... :)

    Beijinhos :D

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  6. Sublime como a intensidade do texto aumenta como se de musica se trata-se, adorei :)

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